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Estrela Polar

Procura e encontrarás

Mateus VII:7

A busca de um propósito de vida é uma das coisas que todos partilhamos. Queremos mais. Mais do que comer, procriar e morrer. Mais do que pagar as contas e gastar o dinheiro em objetos desprovidos de Valor. Mais do que copos, farras e novelas.

Queremos um propósito. Queremos saber que, na nossa passagem por cá, contribuímos de alguma maneira para o mundo. Saber que fizemos a nossa parte para manter firme a teia da vida.

E este propósito, esta missão, quando está presente guia-nos em todas as decisões da vida. Dá-no um rumo, um Norte que nos permite saber se estamos ou não no caminho certo. É esse Norte que te convido a vires encontrar.

Parar, subir e ver mais longe

Mas como encontrar esse propósito? É a pergunta que inevitavelmente surge. A resposta está em dois sítios.

O primeiro é na nossa ancestralidade. Sendo um problema tão antigo quanto a humanidade, diferentes povos encontraram formas de o resolver. O processo que vamos usar é uma síntese dos métodos usados por povos nativos do Havai, América do Norte e África.

O segundo é o corpo. Porque não é na cabeça, nem no coração que vivem as vontades. É no teu corpo, nas tuas entranhas que vais encontrar a resposta à pergunta “o que faço eu aqui?”. O teu corpo pertence à terra. E é através dele que ela te fala.

Neste evento, sob a forma de um retiro de um dia só, convido-te a sair do mundo da pressa e da azáfama. A parar, subir acima dessas preocupações e olhar em volta. A reencontrar a ligação com o teu corpo e a tua ancestralidade. A encontrares o teu propósito. Vens?

Programa

7:45 – Abertura de portas

8:00 – Acolhimento

8:15 – Criação de espaço ritual

8:45 – 8 Perguntas, Mergulho ao Corpo e partilhas

12:30 – Pausa para almoço partilhado e descanso

13:45 – 8 Perguntas, Mergulho ao Corpo e partilhas, parte 2

17:45 – Circulo de encerramento

Logística

Data: 28/01/24

Horário: das 8 às 19 (é possível que a atividade se alongue para lá deste tempo)

Local: Espaço Confluência, Estação – Leiria

Investimento: 50€

Material necessário:

  • Roupa confortável
  • Água
  • Caneca
  • Caderno e caneta para notas
  • Almoço para partilhar

Nota: Durante o encontro vamos ter disponível chá, café, água e coisinhas para petiscar

Atenção! Para este evento apenas temos 8 vagas!

Inscrições

Entra em contacto comigo para o 968 639 503

A Mente mente!

Realmente, é verdade, a Mente mente. Mas o Coração e o Corpo também mentem! E agora?

Esta ideia de que há uma parte do ser humano que não vale nada, e deve ser ignorada, é velha. Há uns séculos, quando estávamos na idade média os padres gritavam “o corpo é fonte de pecado, vamos negá-lo”. Com a revolução científica foi “A mente é a única que consegue chegar à verdade, devemos ser frios como as máquinas, sem emoções”. E agora é “a mente mente, basta sentir!”.

A ideia é sempre a mesma, há um bocadinho de ti que é mau e que tem que ser tirado da equação se queres ser boa pessoa. No entanto, sempre que negamos um bocado, ele vem incomodar-nos com o triplo da força. Basta olhar para a igreja, a sua relação com a carne e o tipo de escândalos que tem.

Todas estas partes de nós — corpo, mente e emoções — são limitadas. Nenhuma tem acesso à verdade. A mente cria fantasias. As emoções respondem de acordo com as experiências anteriores. O corpo guarda os nossos traumas. Cada uma destas partes tem as suas fraquezas e forças.

Encontrar o equilíbrio

Na verdade, as partes funcionam como um todo. O nosso estado fisiológico (se temos fome, frio, vontade de ir à casa de banho, etc) vai levar-nos para um certo tipo de sensações e pensamentos. E o inverso também é verdade. Quando me ponho a imaginar um cenário assustador, o meu corpo e as minhas emoções reagem como se estivesse realmente ameaçado.

Um caminho equilibrado é ver que cada uma destas partes é também uma ferramenta. Tem certas funções para as quais é muito bom, mas não serve para tudo. E para isso o primeiro passo é aceitares aquilo que és, com as tuas forças e fraquezas — o que não significa que devas ficar numa aceitação passiva, em particular se fores uma besta ou estiveres um caco.

O aceitar é útil porque te permite agir sobre a situação. Se eu não aceito que tenho um problema e o ignoro, ele não se vai embora. E se não aceito que tenho um dom, também não o ponho ao serviço. Aceitar é o primeiro passo que permite começar o caminho.

Depois de aceitares que és feito de partes — no mínimo corpo, mente e emoções, se bem que eu recomendo que coloques um corpo energético e um espírito na mistura — podes começar a responsabilizar-te e a cuidar delas. Podes começar o trabalho de integração maduro em que te permites crescer em cada uma dessas áreas, sem desprezar nenhuma.

Asato mā sadgamaya

Uma das funções dos mantras é preservar o conhecimento e passa-lo de geração em geração. Para isso, os sábios da antiguidade condensaram as suas lições em pequenos versos, incrivelmente profundos. Mas, se isto permitiu ao conhecimento sobreviver, ao mesmo tempo leva a que seja necessária uma reflexão cuidada para chegar à sabedoria que está presente no texto.

Para isso, devemos procurar entender o significado de cada verso por si só, assim como o que ele significa no seu contexto. É esta exploração, do significado profundo dos mantras que nos propomos a fazer neste e nos próximos artigos.

Vamos trabalhar com um mantra em específico, o Asato Ma. Hoje, vamos perceber o que é que o primeiro verso tem para nos ensinar.

oṁ asato mā sadgamaya |


tamaso mā jyotirgamaya |


mṛtyormā amṛtaṁ gamaya ||


oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ || hariḥ oṁ ||


śrī gurubhyo namaḥ || hariḥ oṁ ||

*

Que a confusão vá embora e venha o real.

Que as trevas se dissipem e a luz brilhe.

Que se vá a morte e venha a imortalidade.

Oṁ. paz, paz, paz.

Hariḥ Oṁ [a sabedoria leva embora (hari) o sofrimento].

Saudações aos mestres.

Ou

Leva-me da ignorância para o conhecimento

Leva-me da escuridão para a luz

Leva-me da morte para a imortalidade.

Oṁ. paz, paz, paz.

 Hariḥ Oṁ [a sabedoria leva embora (hari) o sofrimento].

Saudações aos mestres.

Asato mā sadgamaya

Vamos começar pelo mantra Asato Ma. Ele é um dos meus favoritos, porque nele está tudo o que precisas de saber sobre Yoga. É um tratado escrito em três versos.

O primeiro verso é asato mā sadgamaya, que significa “ Que a confusão vá embora e venha o real” ou “Leva-me da ignorância ao conhecimento.”

Esta viagem da ignorância ao conhecimento é o objetivo da prática do Yoga. E aqui temos a primeira armadilha do texto. Nos dias de hoje, quando falamos de conhecimento, quase sempre estamos a falar do conhecimento académico, científico. Do conhecimento que resulta da análise do mundo.

Mas o conhecimento de que fala o Mantra vai no sentido oposto. É o conhecimento do que há de mais íntimo dentro de nós. Do saber quem realmente somos.

Essa busca do saber quem realmente somos é uma das poucas constantes que vai aparecer nas várias escolas e linhagens de Yoga. Os detalhes variam: numas, tens que encontrar a divindade em ti, noutras basta recorda-la. Mas é constante que esse conhecimento de quem realmente és é o mais importante. A palavra mais recorrentemente usada para este encontro é autorrealização.

A confusão ignorância, neste caso é não saber quem é que sou. É confundir aquilo que faço, as personalidades que visto com quem realmente sou. É comum, e provavelmente vais-te identificar se disser que em casa és uma pessoa, no trabalho outra, e com os amigos ficas diferente daquilo que expressaste anteriormente. A pessoa que tu és hoje em dia, se comparares com eras à 20, 40 anos não tem nada a ver.

Não há nada de errado com isto. É suposto mudarmos de acordo com o meio, crescermos. É parte do que acontece naturalmente na interação entre o espírito e matéria. Mas, toda esta mudança superficial abre espaço para a pergunta. Quem sou eu realmente? Quem é este que passa por todas estas mudanças?

No segundo verso, o mantra traz-nos a resposta a essa pergunta.

Nota: A primeira tradução é da autoria de Pedro Kupfer, o meu professor. Podes aceder ao site dele aqui

Kumbayas da Espiritualidade

A espiritualidade desde os seus primórdios que tem duas faces. Uma superficial, cheia de cores brilhantes e grandes promessas, cheia de respostas e certezas. E outra profunda, onde há tons mais escuros e variados, onde há mais perguntas do que respostas. Esta dualidade é um mecanismo de segurança, que dá a cada um acesso ao tipo de lições que pode receber e que afasta os imaturos do conhecimento perigoso.

Não significa que a primeira fase — nalguns sítios chamada de glamour, na minha cabeça chamo-lhe kumbaya — não seja extremamente útil e válida. Tal como o que ensinas a alguém na primária e na universidade, ou a um canalizador e um agricultor é diferente, também as diferentes lições têm o seu lugar. O Kumbaya serve muitas vezes para abrir a porta para a vida espiritual, ou para dar algumas lições a quem, pelas circunstâncias da vida, não se pode dedicar ao espírito.

Ensinamentos a vários níveis

Nos clássicos da espiritualidade tens muitas vezes os dois níveis presentes no mesmo texto. Se fores ler a Bíblia tanto encontras um caminho mais superficial, onde te dizem “porta-te bem se não vais para o inferno”, como tens as chaves para uma vida espiritual extremamente profunda.

Se fores aos sutras da tradição do Yoga, encontras o conhecimento destilado a um nível tal que consegues ter verdadeiros calhamaços reduzidos a um par de frases. E apenas quem dedica o tempo necessário às mesmas consegue chegar aos seus significados mais profundos.

Nos mitos clássicos, tens as quatro visões: histórica, metafórica, psicológica e arquetipal, que te vão ensinar diferentes coisas de acordo com o teu nível de compreensão.

Já na alquimia, eles preferiram usar jargão técnico de tal modo complexo que só quem estava dentro da tradição era capaz de compreender os seus textos. Chegavam a armadilhar os textos, com instruções explosivamente perigosas para afastar os curiosos.

Este tipo de mecanismos de segurança, com ensinamentos a vários níveis, quando funciona, deixa as pessoas convencidas de que acederam a uma grande e profunda verdade, quando ainda não passaram da superfície.

A espiritualidade de massas é superficial

O problema acontece quando quem quer ir mais fundo não encontra nada, porque todos os canais de comunicação estão sufocados por estas mensagens superficiais. Ou quando esta visão superficial está tão normalizada que as pessoas nem sabem que se pode ir mais fundo.

Hoje em dia, vemos isso a acontecer num nível incomparável. Como tudo o resto no sistema capitalista, a validade da espiritualidade é medida pelo volume de vendas. E para vender, quanto mais kumbaya, melhor. A espiritualidade mais profunda é sempre mais individual e por isso menos vendável.

Se queres um caminho que te leve a algum lado, tens que ir além dos Kumbayas da espiritualidade. O primeiro passo para isso é esta compreensão de que há algo mais fundo, que não pode ser passado em palavras e que tem que ser experienciado.

Mas estas questões dos kumbayas têm um segundo nível de complexidade. Nas sociedades e contextos onde há estas ferramentas de segurança, havia um pressuposto, que ias ser acompanhado por um professor, ou manter-te no caminho tempo suficiente para ires para lá do glamour.

Hoje em dia, a espiritualidade através da internet, entregue num conveniente formato de frases feitas com fundos bonitos no instagram, não podia estar mais longe desse contexto original. E acaba por haver um bando de papagaios encandeados que repetem uma e outra vez essas frases feitas, tão repetidas e tão pouco percebidas. E aquilo que era um mecanismo de segurança que eventualmente era ultrapassado, torna-se em vez disso uma armadilha onde facilmente se fica prisioneiro. Torna-se mais uma camada de ilusão que te afasta do real em vez de te aproximar.

As três formas de ir mais fundo

Temos duas soluções com jeito, e uma solução rápida e cheia de buracos. As soluções com jeito já falei delas: encontrar um professor, ou seguir uma linhagem tempo suficiente para ires para além do glamour inicial. E quando falo de linhagem estamos a falar de alguma coisa com no mínimo umas centenas, mas de preferência uns milhares de anos. E estamos a falar de ler os textos atuais dessa linhagem, mas também as fontes primárias. Os textos sagrados em que elas se baseiam.

A solução com buracos é o que vou fazer com este conjunto de escritos. É apontar para alguns lugares comuns da espiritualidade, das frases feitas mais repetidas e explicar-te porque é que são tanga. Mas assim vais estar a revelar os mistérios! Dizem alguns, com receio de que o conhecimento chegue às mãos erradas. Nada disso. Só é mistério para quem tem menos do que meio neurónio, e esses não conseguem ler mais do que uma frase de cada vez. Estamos seguros, a informação só vai chegar a quem realmente tem capacidade de a compreender.

Falando em compreensão, para a semana vamos falar de um dos Kumbayas favoritos da espiritualidade moderna, e perceber de que forma ele nos engana. O Kumbaya a ser trabalhado é o “A Mente, mente.”

Desmistificar os mantras

O que é um mantra?

No sentido original da palavra, mantras são estrofes dos Vedas ou de outras escrituras sagradas da Índia. Essas estrofes são cheias de significado e são entoados no início de uma prática de yoga, ou noutras ocasiões especiais.

Ainda hoje eles passados de geração em geração, dentro de uma certa linhagem de praticantes. Esta transmissão oral garante que se mantém não só a forma correta de entoar o mantra, como também as chaves para o seu significado.

Há mantras, como o Gayatri mantra, que têm milhares de anos — o Gayatry tem pelo menos 5.000 anos. Para além dos Vedas, também há mantras nos Uppanishads, um conjunto de textos escritos há cerca de 2.000 anos e há ainda os mantras Tantricos, que foram escritos por volta sec. XV.

Para que servem?

Os mantras têm funções e efeitos em cinco níveis diferentes:

  • Físico: Por um lado, sendo entoados da forma certa, obrigam a um tipo de respiração específica, com certas pausas e certa duração. Por outro lado, a própria vibração das palavras vai mexer com o teu corpo. Há mantras que devem ser vibrados em partes específicas do corpo.
  • Energético: A antiguidade dos mantras e cuidado na transmissão significa que há gerações e gerações que praticantes entoam esse mantra antes de uma prática de desenvolvimento pessoal. A nível energético, ao entoares um mantra, estás a alinhar-te com a de todos esses praticantes. O mesmo acontece aqui no ocidente com certas orações ou cânticos da igreja, embora nenhuma tenha a mesma antiguidade.
  • Emocional: O tipo de respiração e vibração do mantra tem um efeito emocional, que varia de forma subtil com o mantra em questão. No geral entoar certo mantra vai deixar-te mais tranquilo e são frequentemente usados antes da meditação.
  • Mental: Os mantras servem enquanto veículo de transmissão de conhecimento. Eles são uma versão concentrada dos ensinamentos dos textos de onde são extraídos. Sabendo o significado do mesmo, entoando os mantras e meditando sobre eles podemos ter acesso a uma enorme riqueza de conhecimento

A experiência física, energética e emocional que os mantras trazem não dependem de conhecer o significado do mesmo, basta entoa-lo repetidamente com consciência. No entanto, para acederes à riqueza trazida pela parte mental, tens mesmo que conhecer o seu significado. Nas próximas semanas vamos trabalhar com o significado de um dos meus mantras favoritos. Em apenas três linhas, ele ensina as bases mais importante do Yoga

Sobre a morte

Esta talvez seja a pior altura de sempre para falar sobre a morte. Mas também por isso é a mais importante. Desde o Covid que a morte nos entra pelas casas a dentro com os telejornais. É mais importante do que nunca dar-lhe sentido.

No ocidente, ela é persona non-grata. É o grande inimigo. A derradeira fronteira a conquistar. Num mundo obcecado pela expansão e estabilidade, o fim de ciclo e a grande mudança não podiam ser vistos de outra forma.

Mas, por muito que as rugas sejam disfarçadas com botox e os idosos encarcerados em lares, a morte recusa-se a ir embora. Continua cá. Continua a acompanhar-nos a cada passo da vida. Companheira tão fiel como o bater do coração ou a respiração.  A grande inimiga, mas também a grande certeza.

Ps. Se preferes textos mais pequenos, podes saltar logo para onde diz Olhar a morte de frente. É onde estão as conclusões.

O regresso da morte

A morte fez o seu grande regresso à consciência ocidental com o Covid. Os números dramáticos dos mortos. Os resultados mais dramáticos de escolher ser ou não ser vacinado. O tirar do véu ao estado moribundo dos nossos hospitais. Tudo isso levou a um acordar. A morte estava à porta. E tudo podia ser sacrificado para a manter à distância: a liberdade, a autonomia corporal, o livre arbitro.

Quando a onda do Covid baixou, duas novas se levantaram: a guerra na Russia/Ucrânia e o estado miserável do SNS.

A primeira mostrou-nos que a violência não estava tão distante da Europa como pensávamos. O eclodir dessa guerra matou um ideal de um mundo de paz (e sabemos que para o ocidente o “mundo” é composto da Europa, América do Norte e pouco mais) e uma possível escalada do conflito colocou-nos a todos a pensar no futuro. Outra vítima foi a ideia da hegemonia Americana. De repente, os donos do mundo já não mandavam assim tanto — notou-se na ineficácia dos embargos e no negociar de petróleo em moedas para além do dólar.

A segunda toca-nos mais perto. O colapso do SNS é evidente. E sem ele, lá se vai o nosso maior baluarte de proteção contra a morte: o acesso a cuidados médicos. O stress que o Covid trouxe ao SNS foi um primeiro abalo. Depois vieram todos os casos que não sendo acompanhados na época do Covid necessitaram de cuidados dobrados após o mesmo. E como pano de fundo, temos a estratégia de desmantelamento ativo do SNS, que teria levado o sistema para o colapso, independentemente de haver ou não pandemia.

Muitos temos familiares e amigos à espera de uma operação vital durante tempos sem fim — uma das minhas amigas está a viver há meses com um cateter a ligar o rim à bexiga porque não há vagas para operação. Outra está há anos à espera de uma operação à coluna. E tantos outros casos. Torna-se assustador. Quantos não ficam pelo caminho por falta de cuidados? E se me acontece a mim ou aos meus? Como pagar a um médico privado, quando o preço da casa, combustíveis e comida duplicou, disparou? Sem a muralha hospitalar, o grande inimigo ganha terreno e fica bem mais visível.

Mais recentemente, a morte tem estado nas bocas do mundo devido à barbárie que está a acontecer entre Palestina e Israel. O preço de sangue pelos 1.400 Israelitas mortos no ataque inicial já ultrapassa os 8.000 Palestinianos. Ambos os lados se odeiam. Ambos vêm o outro como sub-humanos.

Falar sobre a guerra já não é falar de um ou outro tanque destruído. De uma mão cheia de soldados mortos de lado a lado. De repente, a conversa é sobre os milhares de civis — homens, mulheres, crianças — que são cilindrados pela máquina de guerra. E isso torna particularmente assustadoras as linhas, cada vez mais claras, que desde a guerra da Rússia/Ucrânia dividem o mundo em dois.

Olhando mais longe para o futuro, a morte está à espreita nas alterações climáticas. As cheias este ano foram das mais mortais — lembram-se da Líbia? E as secas estão-nos a deixar cada vez mais perto de virarmos deserto. Para quem não sabe, os números da fome no mundo têm aumentado todos os anos desde 2014 (quem diria, chegámos aos 4 cavaleiros! Inesperado, mas pouco surpreendente)

Indo para além da esfera humana, está em curso um colapso da biodiversidade, a 5ª extinção em massa. Ela mostra-nos que não somos só nós que temos que contar os dias. Quem estudou um bocadinho de biologia sabe que animais altamente complexos — como nós — só sobrevivem quando há toda uma rede de vida para os sustentar.

Olhar a morte de frente

A morte não estava desaparecida, nem sequer adormecida. Estava simplesmente em silêncio. A ver-nos marchar alegremente na sua direção. Se desviarmos os olhos, vamos bater-lhe de frente. Se os levantarmos, descobrimos que ela caminha, desde o primeiro dia, ao nosso lado.

Nos últimos anos a morte tem tido um papel muito maior na minha vida. Primeiro, foi a filha de uma amiga que vi partir. Que me veio acordar para uma facto que sabia apenas na teoria: a vida não é para sempre. Depois, foram as duas avós, perdidas com poucos meses de intervalo. Uma, que viveu tranquila até às ultimas semanas. Outra, mantida viva à força de medicamentos, amarrada a uma cama, alimentada por uma sonda.

E cada morte teve um impacto em mim: recordou-me que estou vivo. Que ainda estou vivo, mesmo que com um prazo.

A morte, vim a descobrir, é a melhor conselheira. Mostra-me o que é importante e o que não vale a pena. Mostra-me quais as escolhas que fazem sentido. Mostra-me onde quero gastar o meu tempo.

Sem a morte, num mundo onde o tempo é eterno, onde podemos sempre deixar para amanhã, fica-se sem sentido. A perda desse limite deixa-nos tão desorientados como se, de repente, nos tirassem o chão. E isso vê-se no mundo. Vê-se nos olhos vazios de quem conta os dias passar, todos iguais. Na sociedade que se revolta contra coisas inconsequentes, deixando de lado tudo o que importa. Vê-se no consumismo que procura encher o vazio criado por uma vida sem sentido. Sem a morte, a vida não passa de um fantasma de si mesma.

Em vez de deixares que o terror pela morte — hoje em dia, tão presente — te cegue, deixa que a consciência dela te ilumine. Que ela mostre o próximo passo que realmente vale a pena no teu caminho.

A morte não é boa nem é má — embora existam sem dúvida formas melhores e piores de morrer e de viver — ela simplesmente É. E, nessa certeza, sabes que também tu És. Pelo menos enquanto estiveres vivo.

O que é a espiritualidade?

A espiritualidade é um estilo de vida orientado e tem no seu centro a procura e, se for essa a vontade do(s) Deus(es), encontro com o Divino.

Isto é feito usando um conjunto de técnicas que têm provado ao longo dos tempos funcionarem para promover este encontro entre o ser humano e o Divino.

A nível de crenças, a única que é transversal a toda a espiritualidade é que realmente há um algo de Divino no mundo, que é possível o encontro com esse Divino e que esse encontro é uma das coisas, se não a coisa, mais importante da vida.

A espiritualidade é tão simples quanto isto. Todas as outras crenças ou dogmas — vidas passadas, chakras, almas gémeas, etc não passam de acessórios que podem fazer sentido nalgumas tradições, mas que não são necessários para o caminho.

A espiritualidade não tem nada a ver com o dissolver o Ego, ou resolver os Karmas, ou parar a mente, curar os traumas ou desenvolver poderes psíquicos. Todas essas coisas podem e vão acontecer, de acordo com o caminho que levares. Mas, o objetivo de escalar uma montanha é chegar ao topo. Por muito bonita interessantes que sejam as formações rochosas que há a meio, não são nada em comparação com a vista que se abre quando se chega ao topo.

Também no trabalho espiritual o objetivo final — encontro com o Divino — é sobejamente superior a todas as outras coisas interessantes que possam ser encontradas pelo caminho. Não confundas os meios com os fins.

Yoga para Casais

Numa relação as presença, capacidade de comunicação, consciência de si e do outro são fundamentais. Nestas aulas, vamos trabalhar todos esses temas.

O yoga tem uma longa história de trabalho com as energias feminina e masculina. Na tradição, esses princípios são Shiva e Shakti. São a Consciência e Energia, que juntando-se originam todo o universo.

Nas nossas práticas, que são construídas com base na filosofia de complementaridade masculino/feminino do Yoga, vamos trabalhar a dinâmica de casal, as fundações que sustentam uma vida a dois equilibrada.

Para isso, trabalhamos três grandes áreas. A consciência de ti, a consciência do outro e a comunicação. A aula pêndula entre exercícios sozinhos e a pares. Entre a vivência interna, e a de comunhão. Se sentem que está na altura de dar uma salto na vossa intimidade enquanto casal, então estas aulas são para vocês.

As aulas têm a seguinte estrutura:

  • Centramento – Encontro com o teu interior e posteriormente com o outro
  • Introdução teórica – Sobre temas do Yoga ou relacionais
  • Mantra – Escolhidos de acordo com os temas a trabalhar
  • Asana – Exercícios com o corpo, a maioria a solo, mas alguns a pares
  • Relaxamento – Descontração do corpo e trabalho de receptividade
  • Pranayama – Exercícios de respiração, podem ser sozinhos ou a par
  • Meditação – Feita a dois ou interna.

Informações práticas

Horários: Todas as quintas das 19 às 20:30

Material necessário: Roupa confortável, garrafa de água

Local: Espaço confluência, Rua da Cabreira, Lote 14, Estação – Leiria

Yoga para Homens

Estamos numa era em que ser homem de forma consciente não é fácil. Socialmente e ancestralmente, muitos dos exemplos que temos são de uma masculinidade frágil, que por isso se torna bruta e cega ao outro. No campo oposto, temos a visão onde ser homem é quase um crime, motivo de vergonha e onde todas as características do masculino são vistas como negativas.

Senti na pele a dificuldade que é encontrar uma boa resposta, um forma de ser homem que funcionasse. Tinha falta de exemplos de masculinidade saudável em que me revisse. Parecia que as alternativas eram, ou ser um bronco ou ser uma espécie de tapete, todo sensível mas desprovido de vontade e capacidade de ação. E algures a meio, num nível que, não sendo bom era melhor, ser boa pessoa, mas negar-me e continuar emocionalmente congelado.

Sentia-me preso, que faltava alguma coisa, mas sem perceber qual era a resposta. A falta de exemplos deixava-me sem sequer conseguir imaginar diferente.

A resposta estava fora do status quo

As repostas que procurava só começaram a vir anos mais tarde. E o trabalho de desenvolver esta masculinidade consciente, equilibrada e saudável trouxe-me a liberdade, segurança e força que procurava. Esse processo teve duas fases. Numa primeira, expulsar as ideias pré-concebidas sobre o que era ser homem. Isso deu-me o espaço necessário para começar a considerar novas vias. A segunda, foi meditar e ler sobre arquétipos masculinos que me dessem uma visão diferente sobre o que era ser homem noutras culturas e épocas. Para isto, os deuses gregos e as histórias de Hércules foram fundamentais.

Este amadurecimento trouxe-me a um ponto de querer partilhar e criar espaços onde homens com esta vontade de se encontrarem ou expandirem tenham essa oportunidade. E decidi faze-lo usando uma outra ferramenta que me acompanha à anos: o Yoga.

Nasce a prática de Yoga para homens

No Yoga trabalhamos a chave da liberdade: A Consciência. Consciência do corpo, das nossas ações, das nossas ideias. A partir dessa base de consciência, todo o trabalho de encontro com o que é ser homem fica mais fácil.

As aulas de Yoga para homens têm algumas diferenças em relação às aulas normal. Duram cerca de hora e meia, e a estrutura é esta:

  • Abertura: Momento inicial de centramento e limpeza energética.
  • Mantra: Escolhido de acordo com os temas que se estão a tratar
  • Teoria: Exploramos um mito, um arquétipo, um característica ou um exemplo daquilo que é ser homem visto por uma lente diferente. Há espaço para partilha.
  • Asana: As postura do Yoga. Há um foco maior em postura de força e superação de limites
  • Relaxamento: O complemento do Asana em que nos permitimos passar da atividade e da força para um estado de descontração e aceitação
  • Pranayama: Exercícios de respiração, para ativar o nosso corpo energético
  • Meditação: Temos dois tipos. Num deles, cultivamos o silêncio e a presença, para que descubras quem realmente és. No outro meditamos sobre arquétipos ou exemplos de masculinidade consciente, para aprofundar a nossa conexão com eles.

Estas práticas estão abertas a todos os homens. E a primeira aula é gratuita, para que possas vir conhecer o nosso trabalho.

Informações práticas

Horários: Todas as terças das 19 às 20:30

Material necessário: Roupa confortável, garrafa de água

Local: Espaço confluência, Rua da Cabreira, Lote 14, Estação – Leiria

UMA VISÃO, VÁRIOS CAMINHOS

Aquilo que me move desde o início é a busca de algo mais. De uma vida que seja mais consciente e plena de significado. Essa busca levou-me a uma série de lugares interessantes — Yoga, espiritualidade, psicologia, terapias alternativas, etc.

No trabalho que desenvolvo, uno aquilo que aprendi nestes vários campos, para possibilitar que também tu tenhas uma vida com mais sentido e mais feliz.

Yoga

A prática de Yoga está leva à descoberta daquilo que de imutável há em ti. Com essa descoberta, toda a vida ganha mais sentido.

Temos práticas mistas, para homens e para casais.

Tarot

E se houvesse uma forma de falar diretamente com o universo, com o local fora do tempo onde vivem as respostas? Como seriam as tuas escolhas se tivesses acesso a esse saber?

São estas respostas que o Tarot te pode dar, trazendo-te assim uma maior clareza e capacidade de escolha.

burning candle near tarot cards on table
close up shot of a woman having a massage

Terapias Energéticas

Hoje em dia já se reconhece a influência da mente sobre corpo, e vice versa. No entanto, há mais um fator que importa conhecer — a influência do teu corpo energético no todo que tu és.

As terapias energéticas são uma forma de abordar este algo mais, e resolver assuntos que não têm resposta nos meios convencionais.

Mentoria

Por vezes, para chegar mais longe na vida é preciso um espelho que nos ajude a ver as coisas como são, e a tomar as melhores decisões.

N meu trabalho de mentoria uno a minha formação em coaching, com a experiência e intuição desenvolvidas na minha vida espiritual, para te ajudar a encontrar e percorrer o teu próprio caminho.

rock in between grass and flower

Formação

Uma das coisa que me dá mais gosto, é partilhar aquilo que aprendi. Para além do que coloco no blog, organizo também workshops, palestras e cursos.

Voluntariado

Parte integrante do meu trabalho é fazer deste um mundo onde há mias para todos. Faço isso sob a forma de voluntariado, com palestras e terapias gratuitas.

photo of person s open hands