Realmente, é verdade, a Mente mente. Mas o Coração e o Corpo também mentem! E agora?
Esta ideia de que há uma parte do ser humano que não vale nada, e deve ser ignorada, é velha. Há uns séculos, quando estávamos na idade média os padres gritavam “o corpo é fonte de pecado, vamos negá-lo”. Com a revolução científica foi “A mente é a única que consegue chegar à verdade, devemos ser frios como as máquinas, sem emoções”. E agora é “a mente mente, basta sentir!”.
A ideia é sempre a mesma, há um bocadinho de ti que é mau e que tem que ser tirado da equação se queres ser boa pessoa. No entanto, sempre que negamos um bocado, ele vem incomodar-nos com o triplo da força. Basta olhar para a igreja, a sua relação com a carne e o tipo de escândalos que tem.
Todas estas partes de nós — corpo, mente e emoções — são limitadas. Nenhuma tem acesso à verdade. A mente cria fantasias. As emoções respondem de acordo com as experiências anteriores. O corpo guarda os nossos traumas. Cada uma destas partes tem as suas fraquezas e forças.
Encontrar o equilíbrio
Na verdade, as partes funcionam como um todo. O nosso estado fisiológico (se temos fome, frio, vontade de ir à casa de banho, etc) vai levar-nos para um certo tipo de sensações e pensamentos. E o inverso também é verdade. Quando me ponho a imaginar um cenário assustador, o meu corpo e as minhas emoções reagem como se estivesse realmente ameaçado.
Um caminho equilibrado é ver que cada uma destas partes é também uma ferramenta. Tem certas funções para as quais é muito bom, mas não serve para tudo. E para isso o primeiro passo é aceitares aquilo que és, com as tuas forças e fraquezas — o que não significa que devas ficar numa aceitação passiva, em particular se fores uma besta ou estiveres um caco.
O aceitar é útil porque te permite agir sobre a situação. Se eu não aceito que tenho um problema e o ignoro, ele não se vai embora. E se não aceito que tenho um dom, também não o ponho ao serviço. Aceitar é o primeiro passo que permite começar o caminho.
Depois de aceitares que és feito de partes — no mínimo corpo, mente e emoções, se bem que eu recomendo que coloques um corpo energético e um espírito na mistura — podes começar a responsabilizar-te e a cuidar delas. Podes começar o trabalho de integração maduro em que te permites crescer em cada uma dessas áreas, sem desprezar nenhuma.