Espiritualidade vs Religião

Nesta série, vamos explorar as bases da espiritualidade. Mas afinal o que é a iluminação, quem são os luminosos mestres, há um ou muitos deuses, etc.

Em linguagem simples e acessível e sempre segundo da nossa abordagem de espiritualidade com os pés no chão, vamos dar-te as bases sólidas que te vão permitir seguir no teu caminho espiritual com rumo certo e passos firmes.


Religião Vs. Espiritualidade

O António teve uma experiência, um encontro em primeiro grau com o divino! Que bom para ele. E para os amigos, porque o António, assim que os seres lá de cima lhe deram permissão, foi contar aos amigos todos. E reparou que havia dois tipos de amigos:

Uns perguntavam:

— E o que é que a malta lá de cima te disse? — Pedindo validação divina para a vida que levavam, ou pelo menos uma orientações.

Os outros diziam:

— E como é que lá chegaste? — Esses procuravam o caminho para obter as suas próprias revelações.

Os primeiros pegaram na mensagem do António, e fundaram uma religião. Os segundos, seguiram os seus ensinamentos e criaram um sistema espiritual.


A Religião e a Espiritualidade estão intimamente ligados. Ambos tratam da nossa relação com o Divino. Numa relação saudável, nutrem-se uma à outra. A Religião dá o enquadramento cultural que leva à experiência Espiritual. A experiência Espiritual origina as revelações que renovam a Religião.

Quando essa relação azeda, a Religião sufoca a Espiritualidade. Não aceita qualquer nova revelação, cristaliza assumindo que já tem a visão perfeita e completa do divino.

São duas faces da mesma moeda, e são importantes para pessoas diferentes. Há gente para quem a vida material é o fundamental. Mas para além disso, têm uma preocupação com o divino, com a ordem maior das coisas. E para estes casos, a Religião tem as ferramentas certas. Noutros casos, há uma curiosidade, uma vontade de levantar o véu. Aí, é a Espiritualidade que tem a resposta.

E nenhuma é melhor do que a outra. Ambas são necessárias. Ninguém é mais “iluminado” por ter nascido com um temperamento mais espiritual ou mais religioso. Cada um está na própria jornada. E quando olhamos para ela, não sabemos nem o caminho que já fez, nem o que ainda tem pela frente.

Dentro da experiência religiosa, dos rituais, sacramentos, e tudo o resto, vão surgindo momentos em que é possível o contacto direto com o divino. Dentro da vivência espiritual, vão surgindo formas de estar, regras e comportamentos que cristalizam numa religião pessoal. São dois polos de uma mesma coisa.

E no entanto, diferem.

Na Religião pedem-te Fé. Que acredites nos dogmas e Obedeças aos preceitos, da forma como estão codificados e são interpretados pela tua congregação.

Na Espiritualidade pedem-te Curiosidade. Dão-te uma série de Práticas, e esperam que faças o trabalho necessário para chegares a algum lado com elas.

Esta separação é chave, e evita confusões.

E hoje em dia uma confusão muito comum é malta que, por ter um conjunto de crenças que não se enquadram no modelo judaico-cristão dos seus avós, considera ser por isso “espiritual”.

Não és mais espiritual se acreditas na reencarnação, nos seres de Luz, no Karma, Chakras e na nova Era e no universo. Isso são crenças, e logo perfilam uma religião.

Pode não ser uma religião organizada, pode ser ainda uma amalgama de crenças do ocidente e oriente, numa dança de fecundação que ainda não deu critalizou propriamente em nada com pés e cabeça. Mas ainda assim é religião. Pede de ti Fé e Obediência. Não é diferente do que acreditar na salvação eterna, em Deus nosso senhor, na misericórdia divina e por aí em diante.

Recorda-te, a espiritualidade não tem nada a ver com as palavras do António. Tem a ver com o que ele fez para chegar ao sítio de onde essas palavras vieram.

E no próximo post, vamos falar exatamente do que se faz para ter acesso ao divino. De quais são as práticas básicas mais comuns nos vários ramos da espiritualidade.

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